EVENTOS Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica XII Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica e V Mostra Interna de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação
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Tipo: Artigo de Evento
Título: EXPOSIÇÃO INTRAUTERINA A ANTIDEPRESSIVOS VS. HIPOGLICEMIA NEONATAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Autor(es): Martins, Jéssica Costa
Soares, Ligia dos Santos Mendes Lemes
Resumo: Os cenários mundial e nacional têm apresentado o transtorno de depressão maior como uma das doenças de maior incidência na atualidade, sendo o risco de desenvolvimento desta maior entre mulheres, com manifestação frequente durante o período gestacional. Nesse contexto, destacam-se as mudanças físicas, fisiológicas, sociais e psicológicas que são próprias da gravidez e que tornam as gestantes um grupo vulnerável ao desenvolvimento de transtornos depressivos. Entretanto, assim como qualquer medicamento, os antidepressivos não estão isentos de efeitos colaterais e/ou adversos e de riscos. Dessa forma, há evidências cientificas sobre o uso materno desses medicamentos associados a hipoglicemia neonatal e a necessidade dessa associação ser estudada com mais precisão. Objetivo: Avaliar sistematicamente a conexão existente entre a exposição intrauterina a antidepressivos e hipoglicemia em recém-nascidos com base em dados de estudos publicados recentemente visando o bem estar físico do neonato. Metodologia: A revisão foi realizada conforme a metodologia Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-analyses-PRISMA. Para tanto, consultou-se a produção cientifica, de periódicos indexados nos bancos de dados da Nature, Web of Science e da United States National Library of Medicine (PubMed) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Como estratégia de busca foi utilizada a combinação de termos pré-definidos de acordo com os Descritores Ciências da Saúde (DESC), utilizando a seguinte combinação de descritores em português: hipoglicemia, antidepressivos, gestação e seus correspondentes em inglês: hypoglycemia, antidepressants, gestation, nessa respectiva ordem. Foram inclusas publicações no período compreendido entre janeiro de 2014 até o janeiro de 2024 que abordem a hipoglicemia neonatal e sua associação com o uso de antidepressivos na gestação. Foram excluídas: publicações repetidas, teses, dissertações, cartas, editoriais, resumos de anais, trabalhos de conclusão de cursos, livros, estudos reflexivos, e relatos de experiência. A análise dos artigos foi realizada pela autora do trabalho em quatro etapas. Na primeira etapa, após triagem da literatura com as palavras de busca indicadas acima, identificou-se todos os artigos relacionados ao tema nos bancos de dados. Na segunda etapa foi realizada a triagem a partir da leitura dos títulos e dos resumos, na terceira etapa foram selecionados e excluídos os artigos que não correspondem aos critérios de inclusão. Na quarta etapa realizou-se a leitura na integra dos artigos selecionados e somente após estas quatro etapas o estudo foi contemplado. Resultados: A síndrome de descontinuação da serotonina (SDS) descreve um espectro de sintomas de abstinência exibidos por recém-nascidos expostos a drogas psicotrópicas durante a gravidez. Esses psicotrópicos são capazes de atravessar a barreira placentária e causar má adaptação neonatal após a retirada do medicamento. Em recém-nascidos, de acordo com Burdine et al é difícil discernir se os sintomas pós-natais são toxicidade serotoninérgica ou abstinência de serotonina. Os sintomas de abstinência e toxicidade se sobrepõem em grande parte e incluem nervosismo, falta de ar, hipertonia, temperatura corporal instável, hipoglicemia e diarreia. A maioria dos sintomas é descrita como transitória, mas pode persistir durante os primeiros 2 a 6 dias de vida. Os antidepressivos mais comumente usados em mulheres grávidas são os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS). Portanto, existem mais dados sobre a exposição pré-natal aos ISRS e há evidências consistentes de que estes antidepressivos quando utilizados pela gestante, aumentam o risco de hipoglicemia neonatal. O uso materno de antidepressivos durante a gravidez foi associado ao aumento da morbidade neonatal e à maior taxa de internações. Entretanto, o risco total de doença grave foi reduzido. Não está evidente qual grupo de antidepressivos ou antidepressivos individuais apresenta maiores riscos em comparação com outros antidepressivos. Durante o primeiro trimestre, o uso de ISRS tem sido associado a problemas congênitos, enquanto o terceiro trimestre tem sido associado a uma constelação de toxicidade pós-natal e sintomas de abstinência. O tratamento alternativo para neonatos com síndrome de abstinência neonatal pode ser a clonidina, um agonista alfa-2 adrenérgico, mas esses pacientes devem ser monitorados de perto pois podem apresentar efeitos adversos. Ao contrário dos opioides, ele é mais atraente para os neonatos porque pode afetar diretamente o mecanismo que causa os sintomas relacionados à SDS e pode evitar a apoptose neuronal. No entanto, a redução gradual e a descontinuação de medicamentos antidepressivos antes e durante a fase inicial da gravidez devem ser consideradas, a fim de prevenir a ocorrência dessa síndrome. Considerações Finais: O manejo de distúrbios psiquiátricos durante a gestação, particularmente de quadros depressivos, é uma tarefa complexa. Com o notável aumento do uso de novos medicamentos psicotrópicos há uma crescente preocupação em relação à teratogenicidade destas drogas. Evidências disponíveis atualmente mostram que a segurança dos antidepressivos ainda não é totalmente esclarecida, e a decisão de prescrever essas medicações na gestação deve levar em consideração a gravidade da doença mental. Enfatiza-se o fato de que nenhuma decisão clínica está isenta de riscos. Os antidepressivos devem ser prescritos somente se o risco de má formação fetal for menor que as consequências de uma mãe com doença mental não tratada. Os ginecologistas e obstetras e demais profissionais atuantes na área de saúde devem buscar uma estratégia terapêutica que reduza ao máximo o risco de exposição da mãe e do feto ao transtorno psíquico, bem como aos possíveis efeitos teratogênicos dos psicofármacos utilizados. Em resumo, a análise revisada recentemente aponta que gestantes que são medicadas com antidepressivos têm mais chances de seus filhos desenvolverem hipoglicemia neonatal do que gestantes que não usam tais remédios. Todavia, os resultados desse estudo precisam ser interpretados com cuidado devido às limitações metodológicas reportadas e ao tamanho reduzido das amostras nos estudos comparativos prospectivos. Pesquisas futuras precisam ser elaboradas levando em consideração as limitações identificadas nessa revisão. Estudos observacionais prospectivos em grande escala, realizados em múltiplos centros e incluindo grupos de comparação com características semelhantes em relação à idade gestacional, peso ao nascer, medicações usadas simultaneamente e diagnósticos psiquiátricos maternos, são fundamentais para se chegar a conclusões definitivas.
Palavras-chave: Hipoglicemia neonatal
Antidepressivos
Gestação
Idioma: por
País: Brasil
Editor: UNIVERSIDADE CESUMAR
Sigla da Instituição: UNICESUMAR
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/11506
Data do documento: 4-Fev-2025
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