Da criação do estado moderno à nudez do homem contemporâneo: uma reflexão ao resgate de uma forma-de-vida sob a ótica de Giorgio Agamben

Abstract

O trabalho tem por escopo a importante reflexão sobre a forma de vida na contemporaneidade, trazendo para tanto, as considerações filosóficas de Giorgio Agamben e Michel Foucault sobre a apropriação da vida pelo Estado Moderno, assim como as intervenções biopolíticas na sociedade, mais precisamente no pós-guerra, apesar da existência de constituições para garantia dos direitos fundamentais. Observa-se o fluxo da história e os acontecimentos modernos que desaguaram na sociedade líquida e massificada, sequestrada pelo agir consumerista e irrefletido, e qual o aporte do direito na manutenção desse cenário de profundas discrepâncias, malgrado conceitos tão nobres que se põe a defender, tais como dignidade, liberdade e isonomia. O trabalho aborda o conceito de Inoperosidade, termo cunhado por Giorgio Agamben, já nas últimas fases do seu projeto denominado Homo Sacer, procedendo então à leitura e à análise de O tempo que Resta e Altíssima Pobreza, obras fundamentais para se questionar sobre as possíveis formas de desarticulação dos dispositivos do poder, operadores tanto da relação entre direito e violência – o que não será aprofundado - quanto da relação entre o messianismo, abordando sobre a contração qualitativa do tempo a partir da efetivação do kairós, e o franciscanismo, explanando sobre a elaboração de uma vida comum baseada na indiferenciação entre vida e regra, ou seja, uma vida que não é doutrina, nem conselho, nem moral, nem ciência, nem lei, porém, que funciona como modelo para uma comunidade totalmente imune às vontades da sociedade, onde a principal característica é o uso e não a propriedade. Para a realização do trabalho utiliza-se o método predominantemente teórico e dedutivo, construído com consulta de obras originais e artigos de periódicos, assim como a Constituição Federal de 1988.