Abordagem das manifestações bucais da quimioterapia antineoplásica

Abstract

O câncer é a segunda maior causa de morte no Brasil e no mundo e é estimado que, apenas em 2018, mais de 18 milhões de novos casos e mais de 9,6 milhões de óbitos tenham sido registrados mundialmente. O aumento na incidência do câncer está atualmente relacionado ao estilo de vida das populações dos países industrializados, mudando o que se pensava sobre a pobreza e as infecções serem os principais fatores relacionados ao desenvolvimento da doença. Os tratamentos disponíveis para as neoplasias malignas incluem cirurgia, radioterapia, quimioterapia e transplante de medula óssea. A quimioterapia é frequentemente a primeira escolha e, aproximadamente, 70% dos pacientes utilizarão esse tratamento em algum momento. Essa é aplicada em datas periódicas e atua impedindo o crescimento e maturação das células que se proliferam com rapidez, como as da mucosa oral e gastrointestinal, medula óssea e pelos. Cerca de 40% dos pacientes apresentam complicações bucais consequentes desse efeito, que podem causar interferência no tratamento e até levar ao óbito. Dito isso, o objetivo desse estudo é correlacionar as principais complicações bucais da quimioterapia antineoplásica e sua correta abordagem, através de uma revisão de literatura nas bases de dados online PubMed, SciElo, Plataforma EBSCO e documentos oficiais do governo brasileiro e da Organização Mundial da Saúde. A literatura estudada evidencia que existem várias complicações bucais decorrentes do tratamento quimioterápico, divididas em dois tipos. O primeiro diz respeito às complicações decorrentes da ação direta dos oncoterápicos sobre os tecidos da região estomatognática, como a mucosite, a hipossalivação e a neurotoxicidade. No segundo tipo estão as complicações que surgem da ação indireta dos fármacos da quimioterapia, sendo elas as infecções bacteriana, fúngica e viral e a hemorragia oral. A higiene bucal é a atitude mais efetiva na prevenção e diminuição da sintomatologia das complicações, porém cada uma tem seu tratamento específico. É de extrema importância que os profissionais tenham consciência que os pacientes sob tratamento oncoterápico requerem cuidados específicos em relação à sua saúde bucal, sendo que devem ser acompanhados regularmente por um cirurgião-dentista para que o tratamento, monitoramento e prevenção das complicações bucais resultantes da quimioterapia resulte na melhora da qualidade de vida durante e após o tratamento