PRESENCIANDO A MORTE EM UM PROJETO DE EXTENSÃO

Abstract

O ciclo biológico do ser humano é composto por nascimento, desenvolvimento e morte, assim como de outros seres vivos. Nós, porém, possuímos uma habilidade que nos distingue consideravelmente: a de refletir sobre as fases, momentos e ações, atribuindo a cada uma a capacidade de escolha. Contudo, a última parte do ciclo, se comparada às outras, não é encarada com normalidade, pois não disponibiliza opções. Os significados atribuídos a palavra morte no decorrer dos tempos causam os sentimentos de medo e impotência, pois determina o fim da existência, não havendo uma escapatória ou possibilidade de escolha. São nítidas as reações que a população possui frente à morte. A despeito disso há, ainda, indivíduos que mantém maior aproximação com o fim da vida em seu cotidiano, como os profissionais de saúde. Eles, em grande parte, se deparam com a morte em seu local de trabalho, o que os diferencia das demais pessoas já que, independente de escolha, são obrigados a encará-la. Observa-se que o profissional da área da saúde que mantém maior contato com o processo da morte é o enfermeiro: perito que se encontra intimamente envolvido com essa realidade por manter maior contato com paciente e sua respectiva família. O enfermeiro, ao cuidar de pacientes em seu momento derradeiro, vivencia a morte no decorrer do exercício de sua função de forma muito explícita.Trata-se de um relato de experiência emergente no Projeto de Extensão denominado“Cuidados paliativos à pessoas com câncer e suas famílias”do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá -UEM.Através de visitas domiciliares semanais, a ação extensionista beneficia famílias que convivem com o câncer, disponibilizando cuidados paliativos no processo morte/morrer, e no processo de luto, quando a morte sobrevém.Nesse projeto podemos acompanhar o paciente desde o diagnóstico e notificação, até sua cura ou morte. E ainda no mesmo, efetuamos apoio emocional, cuidados paliativos e esclarecemos dúvidas. Ao adentrarmos no cotidiano dessas pessoas e suas respectivas famílias, presenciamos os diversos sentimentos, como: medos, angústias e preocupações frente ao término da própria vida, ou do ente querido, aonde buscamos auxiliá-los, dando-lhes conforto não só físico, mas também emocional, ouvindo-os.Desse modo, acompanhar todas essas etapas faz com que a morte tenha um novo significado para nós participantes, encarando-a assim, de maneira natural; tendo como consequência uma melhoria na qualidade da assistência prestada. Esse projeto tem proporcionado a nós integrantes, experiências e conhecimentos sobre a morte, que são visíveis quando defrontamos com a mesma.E consequentemente foi mostrada, a importância e a necessidade de um conhecimento teórico e prático sobre esse assunto, para podermos oferecer um acolhimento, e cuidado humanizado e digno a eles.